Eu nasci para vencer. Fui treinada para isso. Mas primeiramente eu conheci muitas derrotas. E tive que me acostumar com elas. A primeira de muitas foi o meu primeiro campeonato de natação. Cheguei em último. Foi legal. Eu desisti.
Minha segunda derrota foi o meu primeiro jogo de basquete. Perdi feio. Mas na verdade eu não sabia que já tinha ganhado muito com aquela derrota. Perder ali não significava perder de verdade. Até porque era preciso boas notas na escola para jogar no time. Eu tinha isso. Depois um treinamento duro e disciplinado, e eu também tinha isso. A próxima etapa era ser escolhida para ser uma titular. E eu fui. Daí era rezar para o time ser escalado, e o time foi. Aprendi que tudo tem seu tempo e as coisas devem ser feitas em ordem.
Minha segunda derrota veio depois da primeira vitória. Eu ganhei um jogo, e perdi o seguinte que classificava para final. Ficamos em quinto lugar no geral. Para mim, isso não foi uma derrota, foi uma vitória. Minha técnica conseguiu ver isso e também incentivou a galera a ver assim.
O próximo jogo foi na gincana municipal. A competição era entre os bairros. E eu consegui fazer pontos, marcar falta e levar para casa uma medalha de bronze. Vitória sensacional.
Na segunda-feira eu estava na escolinha de basquete e a técnica fez um circulo e distribuiu três medalhas de ouro. A primeira foi para a melhor líder de grupo: Viviane. Ela era do meu time. Foi uma medalha merecida. A segunda foi para o Jobson. Isso mesmo o menino que flutuava com a bola. Ele foi o melhor cestinha do time masculino do mesmo bairro que eu. E a terceira foi para Sônia. Eu. Melhor revelação da gincana. O Jobson colocou a medalha em mim. Um orgulho para todos, menos para minha mãe. Eu conseguia conquistar a todos, menos ela.
Meu joelho sofreu um acidente e tive que me afastar dos jogos.
Depois de sete anos, lá estava eu procurando o que fazer e resolvi da uma de maluca e comecei a lutar HAPKIDO. Ninguém nunca ouviu falar, mas era legal. Meu primeiro desafio fazer um tal de rolamento. Machuquei-me várias vezes, mas consegui e tirei a maior nota no exame de faixa. 68 pontos. E com essa vitória vieram os desafios: aperfeiçoar golpes, melhorar comportamento, convencer minha mãe a assistir os exames sem dá um treco.
Meu segundo exame a nota foi igual, eu treinei pouco e poderia ter sido melhor, mas foi bom. Aprendi que tudo tem seu tempo, e meu tempo é esse. Eu aprendo com minhas derrotas e faço delas um degrau para minhas vitórias. Elas não fazem mal para mim. Elas são batentes que devo subir.
E você o que tem feito com suas derrotas? Guardado na gaveta? Reclamado durante anos? Não faça isso! É prejuízo. Viva a vida. Ela é bela.
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